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Qual a relação do intestino com depressão e ansiedade?

Certamente, você já ouviu alguém dizer que o intestino é o segundo cérebro, talvez até já tenha lido algo parecido por aqui, o fato é que a influência do eixo intestino-cérebro é importantíssima e está associada ao desenvolvimento ou piora de distúrbios mentais como depressão e ansiedade.

Isso ocorre por desequilíbrios da microbiota intestinal, provavelmente decorrente de má alimentação e até de estresse, dentre outras causas.

♦️ Bactérias intestinais em equilíbrio produzem NEUROTRANSMISSORES que levam informações do intestino para o cérebro através de estímulos no nervo vago. Essas substâncias como o GABA, serotonina, dopamina e noradrenalina regulam sentimentos e funções cerebrais como memória, aprendizado, humor, sensação de felicidade, medo, calma, agitação, prazer e saciedade.

Veja que interessante: bactérias boas estimulam a transformação do triptofano em serotonina e melatonina; já bactérias ruins podem direcioná-lo para a via das quinureninas, gerando humor depressivo.

♦️ Outro fato importante é o chamado INTESTINO PERMEÁVEL. A barreira intestinal comprometida associada à disbiose permite maior passagem de fragmentos de bactérias ruins para dentro do corpo e aminas biogênicas (produtos tóxicos gerados pelo metabolismo bacteriano), aumentando a endotoxemia e estimulando os TLR4 (toll like receptors) – o resultado é uma intensa resposta inflamatória através da ativação do NFKB e do TNF alfa.

Essa cascata de citocinas inflamatórias também atinge o cérebro = NEUROINFLAMAÇÃO.

Alguns quadros depressivos evoluem com redução do apetite e restrição alimentar severa e outros com um aumento da ingesta alimentar como “compensação” emocional, isso pode variar de acordo com as vias estimuladas pela disbiose em cada paciente e só agrava ainda mais os sintomas.

É claro que o eixo intestino-cérebro não é a única causa de depressão e ansiedade e o tratamento com dieta e suplementação não é a única solução! São doenças multifatoriais, necessitam ser acompanhadas por profissionais com visão mais abrangente sobre o tema, mas com certeza o cuidado com a alimentação e hábitos que preservam a função intestinal são benéficos e muito bem-vindos para a saúde mental.